quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Deixa ir aquilo que não lhe pertence mais


Estava ouvindo a conversa das minhas filhas (que tem somente 9 e 10 anos), indignadas com a postura da mulher traída do clip do Sam Smith, quando vieram na cozinha perguntar minha opinião enquanto eu preparava as lancheiras:
- Mulheres assim não se gostam, e são imaturas por colocar suas vidas e felicidade nas mãos de alguém tão imaturo quanto elas. Ou seja?
- Lei da atração! - respondeu a mais velha.
- Bingo! - adoro quando ela pega as coisas no ar.
- Não são capazes  de enxergar que podem ser felizes sem a pessoa que causa o sofrimento - respondi
- Como assim? - perguntou a menor.
- Só atraímos para nós pessoas na mesma frequência.
- Ah tá - respondeu, lembrando das aulas de 'filosofia' da evangelização infantil que frequentam.
- Isso quer dizer que não podemos encontrar o homem certo? - agora foi a mais velha. Olha o nível das perguntas...pré-adolescência, preocupada e curiosa com o sexo oposto...kkkkk
- Eu já disse que príncipe encantado não sobrevive fora dos livros, não é mesmo? - e elas riram - mas não é porque atraímos alguém tão imaturo quanto nós que temos que 'aguentar' desaforo, traição, etc. Temos que pensar em evoluir, nos melhorarmos, e querer o mesmo de quem caminha com a gente. No caso da mulher do clip, ela não se ama, se engana achando que seu sofrimento vai ser muito maior se largar. Mulheres assim não sabem o que é amar...
A mais velha (minha miniatura), interrompeu minha bela oratória para dar sua opinião adulta (risos):
- Se o amor que tenho a oferecer para um homem não for o suficiente para ele me corresponder, então quem não me merece é ele! - e deixei as duas sentadas em volta à mesa ainda refletindo sobre o assunto, enquanto fui atender ao telefone.
Acho bonitinho - e precoce - a forma como 'tentam' compreender o mundo dos adultos, e pensar que um dia provavelmente terão que lidar com essas questões, faz qualquer coração de mãe estremecer...
Infelizmente não podemos poupá-los, cada um tem um caminho a percorrer, um propósito nessa Terra, mas é nosso dever  orientá-los e embutir antigos valores (digo antigos porque não sei para onde caminha essa geração com tanta libertinagem)... também sei que não sou a pessoa mais perfeita para opinar sobre isso, mas dizia minha antiga psicoterapeuta, que eles lidarão melhor com seus relacionamentos porque me tem como exemplo, se sentirão mais confiantes e fortalecidos mediante a postura que tomarão quando essas questões acontecerem (desejo tanto que ela esteja certa!!!).
Mas voltando ao debate das pequenas, embora o assunto seja bastante complexo e não existam culpados (aprendi a engolir o orgulho e reconhecer que quando algo não vai bem, cada parte tem 50% de responsabilidade)  é preciso ser forte e maduro para dar um basta, afinal, você merece ser feliz e libertar o outro para também ser!
Talvez o que eu queria ter dito, mas não sei se elas entenderiam, é que devemos lutar pela nossa felicidade, mas não sofrer para conquistá-la: precisamos distinguir o que devemos manter em nossas vidas e o que devemos deixar partir, saber como segurar o que é precioso, e soltar o que nos faz sofrer. E quando me refiro ao sofrimento, não falo dele como consequência das dores que os outros nos causam, mas principalmente, ao sofrimento causado pelas nossas escravidões mentais - e posso garantir, são até piores!
As coisas que vivemos e passamos, muitas vezes, são consequências de eventos que estão além do nosso controle, e reconhecendo que não somos 'vítimas', fica muito mais fácil desapegar.
Tarefa árdua, reconheço, mas para aprendermos necessitamos - antes de mais nada - nos permitirmos PERDOAR: perdoar os outros pelas ações que nos machucam ou machucaram, mas principalmente, nos perdoarmos, porque se falhamos, não foi de propósito (afinal ninguém quer se maltratar ou errar). Pior seria se não nos arrependêssemos de nada - e pensar que existe por aí gente assim, egocêntrica, dona da verdade, que passa por cima de qualquer um para atingir aquilo que quer. 
O legal de reconhecer que somos imperfeitos, é saber que podemos aprender com os erros e recomeçar sempre! Por mais difícil e dolorido que seja deixar a pessoa errada ir embora, é preciso senão você nunca encontrará a pessoa certa... assim como você jamais viverá em harmonia enquanto não se despojar de sentimentos que não lhe pertencem mais.
Como acertou Lenine naquela canção: a vida não pára! Tomemos a rédea dela para torná-la mais leve, com um pouco mais de calma e um pouco mais de alma...

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Inteligência Erótica

A psicóloga belga Esther Perel,especialista em casais e sexualidade, autora do livro Sexo no Cativeiro (Ed. Objetiva), explica que uma relação a longo prazo embute uma contradição básica: liberdade e compromisso.
Nós queremos compromisso, fidelidade, cumplicidade… porém, nos esquecemos que não tem como o tempo não amornar, senão, esfriar, a relação.
Chega um momento fatídico que um incomoda o espaço do outro, e se antes era bonitinho o ciúmes dele em relação às suas amigas, anos mais tarde é insuportável não poder sair com elas porque você permitiu que ele a controlasse, pior se os anos passaram e você acabou sem amigas…
O mesmo se dá com o sexo oposto: se enquanto namoravam era fácil omitir, driblar as desconfianças e dar as escapadas com os amigos, depois de casados a história muda porque ela já se sente dona de você, por isso você é obrigado a dar satisfação de tudo, pior, obedecê-la!
Você está se identificando com o tema pelo fato do seu relacionamento estar esfriando, as brigas a cada dia aumentando e você não quer que isso aconteça? Primeiramente será preciso mudar o pensamento retrógrado, embutido em nós pelas gerações anteriores a nossa.
Leia algumas dicas práticas e leve a inteligência erótica para seu relacionamento:
* Não deixe os problemas de família, com as contas, com o trabalho ou com a falta dele, atrapalharem o apetite sexual. É necessário ter a consciência de que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Se por conta de todos problemas você perder o desejo por transar, estará criando mais um problema, então aproveite as horas de sexo para relaxar. É comprovado que ele é um ótimo sossega-leão, e com certeza enfrentará a vida com mais leveza;
* A idéia de que o sexo deve ser espontâneo acaba com a iniciativa de muitos casais. O que precisa é ser intencional, portanto, se pretende viver uma noite excitante, não espere isso depois da novela das nove: seduza o o dia todo, deixe ele encontrar algum bilhetinho na carteira, esqueça uma calcinha no banco passageiro, ou envie SMS com frases picantes, ou quem sabe uma foto sugestiva;
* Nivele a relação, ou seja, exija que a satisfação seja recíproca. O que mais os relacionamentos a longo prazo pecam (e eu já ouvi muito isso), é de que os dois aceitam a ‘merda’ que o sexo está, ambos não reclamam um ao outro, mas reclamam aos amigos – o que é bem pior!! Acho um absurdo o cara querer receber sexo oral mas ter nojo de fazer… me poupe né. Como sempre digo, SEXO é PARCERIA!
* Aprenda a gostar do seu corpo! Segundo a psicólogo Regina Navarro, “se você não gosta do próprio corpo, como vai convidar alguém para desfrutá-lo junto com você?” É você que transmite sensualidade, a erótica é você quem desperta no outro, independente do seu tamanho e peso -e não é lorota quando afirmo que eles gostam de uma gordurinha extra!!! Se ele lhe conheceu assim, porque encanar depois de tanto tempo? Agora, se quando iniciaram a relação você não era assim e isso lhe incomoda ou atrapalha a relação, então faça-me o favor de sair do papel de vítima, criar vergonha na cara, sair do sedentarismo e passar um esparadrapo na boca!;
* Somos diferentes e temos nossas individualidades, então é essencial respeitar o espaço e o tempo do outro. A monogamia traz a idéia de que com o casamento nos tornamos um só, e isso é assustador porque pensar que o casal se torna um, a longo prazo, é o mesmo que perderem a individualidade, e para um casamento/relação dar certo, ambos precisam respeitar isso. Se você acha que não precisa do seu momento, está mais que na hora de repensar seus valores;
RESUMINDO, devemos compreender e respeitar o espaço do outro, e em segundo lugar, alimentar o desejo com mistério e curiosidade – o que explica muito porque a maioria dos casais que procuram por produtos eróticos, possuem uma relação estável e duradoura.
voltando às obras das duas psicólogas experts no assunto - ambas concordam que o mito do amor romântico e eterno é apontado como fonte de frustrações e desentendimentos. E nesta visão idealizada, acreditamos que se a relação não vai bem, os problemas refletirão na cama, e consequentemente nos enganamos achando que não existe mais amor…Será? 

Como divorciada, defendo a liberdade sexual feminina, mas por outro lado sou super a favor da relação, apesar de não ter muita tolerância para isso como os casais de antigamente. Assisti um documentário de casais que envelheceram juntos, e suas parceiras afirmaram que para o relacionamento ter durado, foram muito submissas... mas que fariam tudo de novo pois estavam com o amor de suas vidas!
Será que nossa geração pode 'em partes’ nos inspirar a sabedoria dos antigos?
Penso que a falta de tesão, da paixão inicial, ou desejo não quer dizer que o amor morreu, muito pelo contrário. Se superamos os problemas, aprendermos a dialogar e a ouvir, perceberemos que o quê vence e resta, é  o amor.
Antes de jogarmos ao alto anos, ou uma vida inteira, que tal refletirmos sobre nossas posturas e mudarmos algumas atitudes? Ao menos tentar colocar em prática algumas das dicas acima, e só partir tranquilamente ir para o plano B, quando todas as opções não derem certo.
Para quem quiser saber mais, abaixo os livros das duas divãs no assunto; e para os que não gostam de ler, ou não conseguem sozinhos trabalhar a reforma íntima, vale buscar ajuda de um profissional.








(Postado dia 11/01/2014 em Cérebro Masculino)


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mulher de Fases

Enquanto meu amigo blogueiro Alexandre Chollet (lê-se    Cérebro Masculino) tenta explicar  o funcionamento do pensamento dos homens e tirar nossas dúvidas em relação ao comportamento dos mesmos, eu quero pedir um minuto de atenção aos homens, senão BERRAR para conseguí-la: custa vocês se interessarem um pouquinho pelo nosso Universo e não nos responsabilizarem tanto por tudo que não dá certo, ou pelo fato de assustarmos tanto vocês?

Quando me refiro ao 'nosso universo', não virei com blablablás nem sentimentalismo: a aula de hoje é cientificamente comprovada pelo psiquiatra Rubens Mario Mazzini Rodrigues, onde ele explica o funcionamento da atividade cerebral feminina, desde a gestação até a maturidade/velhice.

Não vou detalhar todas as fases para não ficar cansativo, irei direto ao ponto, mas preciso primeiramente lembrá-los que vocês homens praticamente tem o mesmo cérebro a vida inteira por produzirem basicamente a testosterona. Já nós, levando em conta todos os ciclos da vida, produzimos vários: estrogênio, progesterona, testosterona em menos quantidade, oxitocina, vazopressina, cortisol, DHEA, androstenediona, alopregnelolona, hormônios gestacionais (prolactina, HCG, hormônio luteinizante, etc), e isso muda tudo!

Apesar do cérebro feminino e masculino serem anatomicamente iguais, suas funções são diferentes: enquanto a produção de testosterona vai diminuir nos homens a produção dos neurônios do centro de comunicação da fala e audição, vai aumentar os mesmos no centro da sexualidade e agressividade. Já nas mulheres a ausência desse hormônio permite com que se desenvolva mais conexões nos centros da comunicação e da emoção. Isso justifica porque somos mais falantes e emotivas???

Em condições normais e aceitáveis, a partir da puberdade o ciclo menstrual passa a interferir no nosso humor, e a produção de hormônio se altera a cada período: 

Na 1ª e 2ª semanas há um aumento de estrogênio no hipocampo, permitindo que o cérebro trabalhe com mais agilidade e rapidez. Em contraposição, na 3ª e 4ª semana a progesterona torna o cérebro mais sedado e lento, mais irritável e menos focado, e isso se deve também à queda do nível de seretonina e do mau funcionamento do córtex pré- frontal, causando emoções dramáticas, exageradas e descontroladas.

Vocês sabiam que 80% das mulheres que menstruam tem o humor afetado por essas alterações hormonais, e que essa oscilação de humor é normal, acontece mesmo, e não é bipolaridade? (sim, porque agora virou moda todo mundo ser bipolar...). Mas as mulheres precisam ficar atentas e investigar, porque se a TPM for mais acentuada, provavelmente você tenha TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual), cujos sintomas são a depressão, crise do pânico, hostilidade, medo, crises de choro, ataques de raiva e enxaqueca, e para tal existe tratamento.


Um estrago do tamanho de uma amêndoa

Enquanto no homem o orgasmo depende essencialmente do pênis, nós mulheres somos complicadas e necessitamos da colaboração de diversos fatores, entre eles, da atividade neural (clique aquiRevista Mente & Cérebro).

A amígdala cerebral é fundamental para a auto-preservação por ser o centro identificador do perigo: gera o medo, a ansiedade, e nos coloca em alerta. Se lesionada, faz com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora (que não é o caso a tratar aqui); se estimulada, na mulher provoca estresse e agressividade, enquanto se desativada, a torna mais dócil, afetiva, e sexualmente pronta para atingir o orgasmo.

Vocês sabiam que a amígdala cerebral feminina emitem uma reação de alerta ao menor sinal de rejeição ou rompimento amoroso? - com consequência, as enxaquecas - mas o medo pelo término da relação também causa o mesmo efeito; quando ela é estimulada, cai a produção de oxitocina, seretonina  e dopamina, aumenta a de cortisol, e não queiram estar por perto para ver o resultado disso: altos níveis de estresse!

Outro fator importante a ser colocado é que a mulher só consegue atingir o orgasmo se as funções dessa amígdala estiverem desativadas, portanto, depois de um dia cheio de trabalho, casa, filhos... isso levará um bommmm tempo...ou seja, vocês HOMENS precisam caprichar nas PRELIMINARES. Ainda assim, corre-se o risco do orgasmo não acontecer porque os aborrecimentos ocorridos durante o dia são o suficiente para despertar a amígdala, e às vezes, nem uma máquina mortífera é capaz de relaxá-las (estou rindo horrores dessa familiaridade).

Uma curiosidade a respeito: ingerir chocolate em excesso desativa essa amígdala, e seu efeito é comparado à satisfação sexual, o que melhora nosso humor e diminui a agressividade (parceirossss: que tal aumentarem o estoque de chocolates?rs).

Também para a maioria das mulheres, a segurança na relação aumenta a intimidade, fazendo relaxar,  e consequentemente, gozar mais rápido. Então, se vocês não forem assim tão íntimos, sugiro levar agrados como flores, chocolates, e gentilezas no geral, afinal, a idéia é colaborar para relaxar nossas amígdalas, certo?!

A verdade é uma só: vocês não vivem sem nós, e nós não vivemos sem vocês...então será que por hora podemos nos dar uma trégua?

domingo, 27 de setembro de 2015

Complexo de Wendy

Antes que me chamem de feminista, aproveito o gancho da postagem da Síndrome de Peter Pan , para falar hoje sobre o complexo que agride uma boa parte das mulheres (e atrapalha inconsciente todo relacionamento): o Complexo de Wendy!

Retomando as fábulas infantis, Wendy foi uma menina também diferente, e que se atreveu a viver cercada de homens e meninos na Terra do Nunca, lugar onde assumiu o papel de líder sentimental, a “mãe” boa, ouvinte e conselheira dos seus irmãos, de Peter e dos meninos perdidos; e como toda mãe, um caráter forte em personagem frágil!

É inegável que as mulheres com este complexo - como à uma boa mãe - irão manifestar uma preocupação excessiva pelo bem estar do outro, porém, mesmo com essa bondade toda, apresentam uma série de condutas significativas de agrado e super-proteção, se acham insubstituíveis e indispensáveis, tentam fazer o parceiro feliz de maneira persistente e evitando que o mesmo se chateie, e se desculpam por tudo que faz. 

São mulheres prisioneiras do medo ao abandono, à insegurança e à rejeição contínua, e com forte tendência ao auto-sacrifício: "Faço eu mesma”, “Não se preocupe”, ou ainda, “Não sei o que você faria sem mim”.

Este tipo de mulheres, no lugar de assumirem a figura da esposa, vão exercer o papel da mãe, sem darem conta que estão favorecendo para a imaturidade masculina conhecida como a Síndrome de Peter Pan.

Se pensarmos a respeito da história, todas as crianças são como Peter: amam, odeiam, sorriem, gritam, choram, voltam ao seu estado normal com a maior naturalidade e como se nada tivesse acontecido. A criança costuma sentir sem ter consciência de seus sentimentos, até mesmo porque não precisam se preocupar que tipo de sentimento despertarão nos outros; é descomprometida sentimentalmente, e ser descomprometida é não precisa explicar seus sentimentos, já que explicar é a parte complicada das relações adultas.

Este é o principal motivo porque Peter Pan não queria crescer (assim como os homens modernos): não se comprometendo jamais sofreria por amor ou por ódio, assim como os homens que só querem curtir o presente, ser felizes e livres como o personagem, vivendo sem sem responsabilidades nem comprometimentos sentimentais, e acima de tudo, sabendo que existe uma Wendy sempre lá, aguardando por eles.

*    *    *
Eis o grande problema dos adultos: relevar os comportamentos do outro pela convivência 'pacífica', afirmando que tudo que aceitam é pelo amor incondicional que sentem. Lamento informar, mas o único amor incondicional é o que nutrimos pelos nossos filhos, e se você quer se enganar que tem uma relação saudável, não reclame mais tarde e não jogue toda culpa no seu parceiro.

Eles adoram que suas esposas não lhes dêem obrigações, mas reclamam aos amigos que se sentem sufocados; em contra-partida elas os acham folgados, mas não permitem que eles tomem decisões e sejam autônomos... um bocado complicado relacionar-se assim, não concordam?

O homem-imaturo é a face oposta da mulher-maravilha: enquanto ele não pensa nos seus sentimentos, o aspecto negativo dessa parceira-mãe-superprotetora, além de não deixar respirar todos à sua volta, sua baixo auto-estima a sabota e a impedi de libertar-se desse sentimento de autopiedade. Para ambos é mais que necessário a  mudança de comportamento, mas infelizmente ninguém está disposto a sair da sua zona de conforto, mesmo cientes que esta é a única postura adulta correta e necessária, para cada um assumir seu papel: a mulher, o de companheira, e o homem, de poder finalmente amadurecer.

O livro "O Dilema de Wendy, discuti de onde vem essa inferioridade das esposas, e coloca toda mulher para refletir sobre o quanto impõe sua presença para o controle de tudo. Com certeza a leitura vai despertar certa inquietude, mas sua reflexão vai permitir que sejamos mais livres para assumirmos quem de fato somos, porque irá mexer com a cabeça, com pré-conceitos, mas vale a pena... pelo nossa saúde mental, e pelo bem das nossas relações.



As mulheres do interior


Aqui todo mundo conhece todo mundo, todo mundo gosta de falar mal da vida de todo mundo, mas todo mundo apronta tentando esconder de todo mundo, com medo que todo mundo saia falando...

BEM VINDO A CIDADE DO INTERIOR!
Se oferecem boa qualidade de vida para as famílias, para você solteiro(a), viúvo(a) e/ou divorciado(a), ela só serve para dormir, porque a modernidade e praticidade das grandes cidades passam longe daqui!
Tive um parente que criticava todo tipo de mulher ‘emancipada’, falou horrores de mim quando me separei. Com sua passagem precoce para o outro plano – e não vou poupar a língua porque ninguém vira santo só porque morre – vim à saber das suas infinitas traições enquanto vivo: justifica bastante o exagero do seu moralismo. Depois a família veio criticar a postura da esposa por curtir a vida de solteira antes mesmo do corpo dele esfriar: no meu entender, ela fez tudo que pode para ele em vida, e como dizia minha avó, viúvo é quem morre!
O estigma das separadas é um pouco pior que das viúvas que não tiveram escolhas: as separadas são as piranhas que abandonaram maridos tão bons, e ainda se tornam ameaças aos ‘bons’ casamentos das amigas.
Recentemente um ente querido foi surpreendido pelo abandono da esposa. Minha língua afiada palpitou que ela deveria ter outro, já que eles eram tão apaixonados, ele um pai participativo, esposo trabalhador e atencioso. Eu sei que toda história tem dois lados, e só vivendo sob o mesmo teto para deixarmos cair nossas máscaras, mas jamais a julgaria ou lançaria pedras sabendo que meu teto é de vidro... só não fazia sentido a explicação dela para o cônjuge justificando o fim da relação!
Meu faro feminino nunca me deixou na mão, e foi minha primeira psicoterapeuta que me incentivou a explorar mais minha sensibilidade: que quanto mais a ouvisse, mais ela afloraria... E de fato, isso aconteceu. (vocês mulheres deveriam tentar, carregam Grandes Deusas dentro de si e não reconhecem!)
O cônjuge teve a humildade de reunir a família para explicar os motivos DELA, pois achou injusto os comentários que começaram a partir da minha maldosa língua. Dei de ombros, estava convencida que cada um tem o que merece, e só o tempo para nos mostrar a verdade... e esse tempo só durou três meses: ele  flagrou a bendita com seu ‘namoradinho’ na frente de casa, e ao investigar, descobriu que eles se conheceram na internet e que o relacionamento se estendia há pelo menos um ano.
Como eu disse, meu teto é de vidro, portanto não quero criticar nem ser preconceituosa, mas nos dias de hoje, uso desenfreado de internet não combina com casamento: o casal já está afastado por conta da rotina, e no lugar do diálogo, de se redescobrirem e de fazerem coisas juntos, cada um se enfia num computador – tão pertos e tão longe – num mundo virtual onde o novo é legal e o proibido instiga até os mais santos.
Quando o meu divórcio aconteceu, não tive apoio de pais, família, melhores amigos; somente ouvia que eu era uma louca em assumir meus filhos sozinha, sem respaldo financeiro e emocional. Anos mais tarde me surpreendi ao aconselhar uma amiga traída a não abandonar o esposo: na verdade, ao contrário do que todos pensam, não é porque sou frustrada com os homens que não acredito na instituição família ou no amor. É que esta amiga não aguentaria passar por tudo que passei e ainda passo, sem dizer que ela também não possui condições financeiras de se assumir sozinha. Convencida disso, foi sensata em perdoar o deslize do cônjuge, finalmente voltou  a estudar, e deixou para decidir no futuro, quando estiver com o diploma em mãos, o que fará da vida e dessa relação.

Eu reconheço que coloquei minha carroça na frente dos burros, que minha escolha teve um preço alto (perdi amizades, fui e ainda sou rotulada, e diminuiu muito o padrão social meu e dos filhos), mas não me arrependo de nada! Tive grandes lições, me reinventei, me descobri como mulher, amadureci... e essas coisas mastercard não compra.
Há quatro anos solteira pela segunda vez, e pelo menos há um ano emocionalmente independente, ainda carrego os estigmas da separada, da blogueira dos contos eróticos e da consultora de sexy shop que aconselha as mulheres com problemas sexuais com seus parceiros, mas hoje eu nem ligo. Apesar de eu ter abandonado tal profissão, ainda sou solícita quando algumas clientes me procuram, mas eu sei que a maioria do povo me banaliza por isso, como se falar de sexo fosse algo sem importância, só diversão, e eu a boba da corte que faz todo mundo rir... sinceramente, não me resumo a isto!
Sempre ouço das amigas e antigas clientes, que me invejam por não terem a coragem de mudar suas histórias: à essas que vivem a Síndrome da Gabriela, meu sinto muito. Cidade de interior é assim mesmo, as pessoas gostam de viver em paz, no conforto, tipo família doriana, fingindo ser o que não são... Mas cada um sabe o que é melhor para si, e cada um também paga um preço alto pela escolha de manter uma relação de mentira.
Enquanto no interior os moralistas tentam esconder a hipocrisia que vivem (afinal, aqui as histórias circulam na velocidade da luz), nas cidades grandes casais frequentam swing, divorciam-se para casar com cunhada, trepam com a esposa do vizinho, vivem sua homossexualidade, e não se preocupam em esconder, porque na correria que todos vivem, ninguém tem tempo de se preocupar com a vida de ninguém! Já aqui, se você for casado, até pode cometer deslizes; se é o traído, também pode dar uma coça na esposa, perdoá-la e depois voltar a beber cerveja com o amigo que colocou seu chifre, mas se a mulher for a traída e não for bondosa o bastante para perdoar o esposo, ela terá somente duas opções:
1.Não se importar do rótulo de vadia, como se ser separada fosse o mesmo que escrever na testa: estou desesperada; ou
2. Aceitar Jesus e freqüentar semanalmente uma instituição religiosa e jamais viver sua sexualidade, pois essas coisas da carne não é de Deus e nem feitas para mães de família  - como se ser mulher e ser mãe fossem a mesma coisa, ou ainda, como se o sexo só servisse para fazer criancinhas mal educadas! Se fosse, Deus seria maldoso demais em nos criar com tantos pontos sensíveis no corpo, e ainda nos manter sempre atentados.
Prazer não significa estar em pecado, e se abster em sofrimento, não torna o ser humano virtuoso. A mesma psicoterapeuta que me incentivou a ouvir a minha intuição também me ensinou que não existe maior religiosidade que sermos sinceros à nossa alma, então, se não prejudico outrem, não estou transgredindo nenhuma Lei, portanto, não estou em pecado.
Mal assinamos a carta de alforria e já somos sentenciadas a carregar o estigma de ameaça, tanto para eles (de influenciarmos suas esposas) quanto para elas (de serem traídas), então para que gastar energia tentando mudar algo já embutido, se merecendo ou não, sempre seremos mal vistas, mal faladas, mal compreendidas? Cabe à você ligar ou não para isso... 
Sabe o que é mais engraçado de tudo? Que mesmo sendo tudo isso, ainda somos objetos de desejo de todos homens, e muitos 'casados' fariam de tudo para dormir entre nossas pernas! kkkkk
Lamento informar aos que esperam na fila, mas somos areia demais para o caminhãozinho de vocês. Não que o problema esteja nas cidades ou nos homens do interior (há exceções), sou madura o suficiente para compreender que o problema está nas pessoas, porém, em lugares menores o comportamento social é outro, e raramente encontraremos algum tipo de reconhecimento, ou um solteiro que nos assuma junto aos nossos filhos. 
Se aqui nasci e aqui me estabeleço, aqui não me sinto pertencer: alma grande demais para um lugar tão pequeno e medíocre.

(Parte extraída da postagem da própria autora, em 10/2013, no site que foi colaboradora :http://cerebromasculino.com/as-mulheres-do-interior/)

sábado, 26 de setembro de 2015

A Síndrome de Peter Pan


A Síndrome de Peter Pan se caracteriza por um conjunto de comportamentos imaturos, de pessoas ‘dependentes’ (imaturidade emocional, social, e/ou sexual) e que negam envelhecer (é o caso do homem que não sabe ou não pode renunciar ser filho para se tornar pai).

Apresentam comportamentos narcisistas de dependência, irresponsabilidade, rebeldia, abandono, fracasso, ansiedade, entre outros, e sua manifestação é mais frequente nos homens do que nas mulheres. 

Numa rodinha de mulheres, depois do tema ‘sexo”, este é o assunto mais comentado: homens aborrecentes! Sim, chegam aos 30, 40, até aos 50 anos, ainda 'vivendo' a imaturidade da adolescência.

Para a Psicologia a irresponsabilidade é o resultado de uma educação extremamente permissiva por parte dos pais, que não souberam impor limites ou punições no processo de criação e educação dos filhos. Enquanto a ansiedade nada mais é que uma ‘profunda insatisfação consigo – embora um homem ‘maduro’ jamais demonstre pois costumam irradiar bem estar num primeiro momento. Já o conflito sexual se instala quando estabelece a ‘clivagem’, que é a divisão clara entre os papéis de homens e mulheres, onde geralmente ele nunca se esforça para fazer parte de um relacionamento amoroso maduro.

Melaine Klein descreve a clivagem como o mecanismo de defesa mais primitivo contra a angústia. Neste mecanismo há uma cisão a nível do ego e do objeto primário: no objeto as pulsões eróticas e destrutivas irão cindir atraindo o ‘bom’ e afastando o ‘mau’ objeto, enquanto a clivagem do ego consiste em dois processos psíquicos de defesa do ego: um voltado para a realidade, e o outro negando a realidade em causa, colocando no seu lugar um produto de desejo, que faz surgir uma angústia provocada pelas pulsões de morte, e funciona especialmente para separar o indivíduo das pulsões de vida.

Talvez isto explique um pouco o comportamento cada vez mais imaturo dos homens. Mas não se iluda achando que é boa o bastante para mudá-lo: como este comportamento é a manifestação do resultado da educação recebida na infância, psicólogos acreditam que a psicoterapia é o caminho mais eficaz para tratar a síndrome*.

Embora eu concorde com eles porque AMOOO fazer psicoterapia, reconheço que também existem outras formas alternativas  direcionadas ao autoconhecimento.

O tempo de tratamento é relativo e vai depender do progresso do paciente em terapia. Cabe à você decidir se vale a pena ou não investir energia e aguardar ‘ele’ (ou ela) se resolver e amadurecer. Isto é: se é que a pessoa se incomoda e reconhece que precisa de ajuda.



* Lisane Luz Pacheco é psicóloga do Núcleo de Apoio Psicológico (NAP), de Novo Hamburgo (RS).


Ciclos

Mais uma vez  dispo-me dos brincos, da maquiagem, dos colares, dos anéis, dos sapatos, das vestes que escondem o que realmente sou; dispo-me das palavras que procuram uma razão e que teimam em conter a qualquer pranto a emoção; dispo-me da fala, pois minha voz suave, sussurra como vento procurando janela aberta, para visitar... dispo-me dos versos que retém traços, dos pincéis virgens ao qual me desenhei, das melodias que marcaram momentos inocentes e sofridas ilusões que passei.
Dispo-me dos livros que degustei, do banquete de pratos ecumênicos, compondo em cada partícula um belo alimento de minh´alma.
Foi difícil voltar escrever depois de tantos anos, encerrar as atividades do antigo blog, perder oportunidade de publicar os contos... mas foi preciso para poder enterrar o passado, encerrar mais um ciclo, e por quê não sonhar com antigos projetos?
Uma hora posso contar como me reergui, mas agora novamente é tempo de me despir sem vergonha, sem pudor, sem limites, sem perfumes nem malícias... é hora de resgatar e cuidar da minha mulher-interna, para então voltar a me sentir plena, leve e sexualmente livre... e é por este motivo que estou aqui... e pelo mesmo motivo da escritora Lya Luft, apesar de eu estar bemmmmmmmm longe de ser boa como ela:
“Por isso escrevo e escreverei: para instigar o meu leitor imaginário – substituto dos amigos imaginários da infância? – a buscar em si e compartir comigo tantas inquietações quanto ao que estamos fazendo com o tempo que nos é dado”. LYA LUFT | PERDAS & GANHOS