sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Verbo indireto


Casais se desentendem, se desprezam, se abandonam; histórias lindas acabam tendo um desfecho triste para um final que deveria ser feliz; tudo por conta da falta de diálogo, que impede a possibilidade de expressarmos o que sentimos, o que pensamos, o que gostaríamos de realizar; e refiro-me não somente à vida sexual, mas aos projetos de vida, aos sonhos, à construção de um futuro bom... coisas simples, mas complicadas, principalmente o fator aprender a ouvir o outro.

Eu já vi um amor ir embora porque eu não fui humilde em pedir para ficar... outra vez porque não soube perdoar... e de novo estraguei quando fui caprichosa, insensível e egoísta, e pus tudo a perder. Não sou hipócrita a ponto de culpar todos meus ex-amores pelos términos, mas também não tenho orgulho de mim ou das minhas posturas egóicas, porque em todas elas não fui sincera com meus sentimentos nem com o outro. E não é assim que terminam a maioria dos relacionamentos? Podemos simplificar tudo, mas preferimos aprender pelo caminho da dor; queremos causar a dor no outro mas não nos damos conta que estamos sofrendo também.
Um camarada dono de uma farmácia, desabafou comigo em seu balcão, que ele rala de domingo a domingo para poder dar o conforto que a família tem, mas sofria pela esposa não compreendê-lo e só reclamar. Claro que entendo o lado dela - que é o lado de muitas esposas - mas também entendo o lado dele: os anos passam e o dinheiro não pagará nem recompensará os momentos bons que a família perdeu, mas por outro lado, não vejo parceiras abdicando de usar desenfreadamente os cartões de crédito, poupando seus parceiros de trabalharem tanto para suprir suas necessidades emocionais

Tenho um irmão que está para se casar, e ele comentou da importância em frequentar o cursinho para casais...

Já que me divorciei, fui em dois encontros para casais, da igreja batista da minha irmã, e posso afirmar que foram valorosos os ensinamentos aprendidos lá. Mas o que mais achei bonitinho na fala do irmão, é que eles aprenderam a resolver os problemas conversando: não adianta queixar com amigo, com mãe, ou outra pessoa de sua confiança. Se o problema está no (a) parceiro (a), ele (a) é o (a) único (a) que pode ajudar a resolver a questão. Por isso que é muito importante não meter a colher em brigas de marido e mulher. Se qualquer amigo se queixa da sua relação, nos tornamos empáticos e tomamos suas dores, não é mesmo? Então que tal sermos empáticos nas nossas relações? Penso que viveríamos mais leves...

Lembrem-se, toda história tem três lados/versões: o lado da esposa, o lado do esposo, e a versão verdadeira, que só vê quem está de fora ou despojado do orgulho. Nosso grande mal é que nunca olhamos o problema a partir dos olhos do outro, mas para uma relação viver em harmonia, é necessário aprender ser empáticos. Em relação ao amigo farmacêutico, pude sentir seu sofrimento pela esposa não compreendê-lo, e também por ele não ter coragem de expressar seus sentimentos (afinal, 'ela nunca ouve o lado dele mesmo'). Mas isso é muito triste, afasta o casal, e vive-se uma 'falsa harmonia' quando troca-se o dito pelo não dito. Conheço tanta gente que se cala para não viver brigando com o (a) parceiro (a)...eu mesma já estive neste papel (e para compensar minhas frustrações, quebrava objetos ou usava do verbo indireto [gastar] para expressar minha insatisfação)... mas nenhuma relação aguenta viver de meias-palavras, meias-verdades, meias-fodas… e por acaso existe a possibilidade de se viver meias-vidas?
Seja sincero com  você:  és feliz com a vida que leva? Escolheu a profissão certa e/ou o companheiro ideal?
Talvez leve tempo para encontrar respostas, ou digerí-las, mas saiba que nunca é tarde para recomeçar e escrever uma nova história. Comece usando as palavras certas para você e depois, para o outro, e então, aplique na sua vida essas três regras básicas: não prometa nada quando estiver feliz; não responda nada quando estiver irritado; não decida nada quando estiver triste. Mas trate de mudar, ou melhor, se transformar, e ser sincera (o)  através do diálogo - que é a via de mão única para ser feliz1
"Mas Tati, ser sincera (o) é difícil e doloroso, porque na maioria das vezes sempre pagamos um preço alto demais por isso".
E eu não sei? Mas lembrem-se que “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”(Rubem Alves).
Chegou a hora de sair do casulo e passar a conjugar o verbo de forma direta e em primeira pessoa. Afinal, estamos nesta vida para sermos felizes sim!

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