domingo, 17 de janeiro de 2016

A Dama da Internet

Ao contrário dos “50 tons”, o livro A DAMA DA INTERNET prendeu-me a atenção principalmente por se basear em fatos corriqueiros da vida cotidiana.
No outro, claro que nos vemos em algumas situações, mas aquele cara dos sonhos de toda mulher não existe na vida real.

Peço desculpa as que adoraram, mas cá entre nós, o livro é bobo, e segundo críticos literários e editores de livros (e eu concordo com eles), o perfil do público que gostou são pessoas que não tem o hábito de ler.

Apesar da autora ter construído bem o suspense que mais pareceu um conto de fadas para adulto, ela conseguiu prender o leitor do começo ao fim: no primeiro volume ela praticamente enrolou o livro todo para falar da virgem que se apaixona pelo cafajeste; no segundo volume ela também usou as 512 páginas para falar de brinquedinhos eróticos e bolinhas tailandesas; e no terceiro, eles finalmente casam e a 'mocinha inocente' descobre os prazeres do sexo anal! Um livro bastaria, mas o público feminino pedia bis...rs


Para quem nunca praticou nada, reconheço que é um incentivo, o começo de algo novo, mas pelo que ouvi de muitas leitoras, as que se entusiasmaram são geralmente mulheres frígidas ou inibidas na cama... ou seja, só as sonhadoras, como a própria autora, que admitiu em entrevista no programa da Oprah que ela quis realizar suas fantasias no livro! Ou seja mulherada (ou devo chamar de adolescentes?): vocês ainda podem inovar na cama, mas encontrar esse príncipe jamais! Hahaha...ele NÃO EXISTE!


Já o escritor Neville D’Almeida retrata no seu livro "A dama da internet" uma história comum, de pessoas comuns, e que todos nós estamos sujeitos a vivenciar. Vai abordar temas como traição, masturbação, sites de encontros e sexo virtual. E só quem nunca o fez poderia jogar a primeira pedra!
Este livro fez-me pensar muito sobre o comportamento do ser humano (inclusive o meu) e o quanto somos julgadores, sem nos darmos conta que (já) praticamos o mesmo.. e daí? Mas apesar de ainda haver o preconceito, a mentalidade e o comportamento das pessoas estão evoluindo aos poucos (em passos bem lentos), porque ainda há quem ache que mundo virtual não é lugar seguro para conhecer alguém legal (como se nas baladas só tivesse caras legais). Discordo dessas pessoas: eu por exemplo, sou solteira, adulta, não protelo a ninguém minhas obrigações maternais, sou dona do meu corpo e sexualmente livre. Se estou a fim de conhecer alguém, que diferença me faz ser pela internet ou numa mesa de bar? Os riscos são os mesmos! 


Quando me divorciei e me atrevi a conhecer pessoas usando dessa ferramenta, ouvi coisas do tipo: "Como saber se o mesmo homem gentil e bem afeiçoado, não ´é um assassino?" ou Um cara da internet, se não for psicopata, com certeza é um homem tarado ou desesperado para casar, porque na vida real não pega nada". 
Aiai, quanto blablablá!  Meus queridos: foi-se o tempo dessa discriminação, hoje é moda, é prático, e não são mais as tiazonas como eu que estão nesse lugar: pelo fato dos jovens respirarem virtualidade, empresas investem cada vez mais em aplicativos interessantes para celular, facilitando e aproximando pessoas... e este público jovem aderiram e adoram! Muitos criticam essa nova geração, mas eu vejo diferente: se alguns ainda sofrem por não serem compreendidos, a maioria já vem com outra mentalidade despojada de pré-julgamentos; com certeza frequentarão bem menos os consultórios psicológicos e psiquiátricos, pois não sofrerão da síndrome do 'é proibido fumar'. 

(PS: Eu, entre todos os app - que quase não uso atualmente- o que mais curto é o Happn: ele cruza seus dados com quem tem o mesmo app, e toda vez que cruzo na rua com seus usuários, abre-se um canal de conversa. Aqui no interior não encontrei muitos afins, mas quando estive na capital á trabalho... AMEI cruzar dados com os executivos da Avenida Paulista kkk).

O problema não está em se relacionar pela internet, mas como se relacionar com as pessoas. Na internet é fácil, se você não gosta ou se irrita, logo bloqueia, deleta, desfaz compatibilidade... mas na vida real não é diferente, porque cada vez mais as pessoas passam por cima de sentimentos e se desfaz do outro da mesma forma! O que as pessoas precisam entender é que qualquer tipo de relacionamento é complicado, seja no mundo virtual ou fora dele. Ouço muitos reclamando, mas ninguém disposto a pagar o preço de um envolvimento amoroso...porque toda escolha tem uma renúncia, e quando você assume alguém, você abre mão de sua liberdade, e quando você rompe com alguém, você ganha sua liberdade. Qual dessas opções você prefere?
Falando em pessoas complicadas, só para provar que os garanhões não estão à caça só na internet... todos achamos que eles levam o melhor da vida, por isso acabam sendo invejados e cobiçados pelos casados ou pelos solteiros compromissados... mas na real as coisas não funcionam assim, eles também não são tão felizes quanto demonstram. Certa vez me envolvi sem compromisso com certo alguém (afinal, ambos não tínhamos tempo nem paciência para abrir espaço para uma pessoa, cultivar a relação, e coisas do tipo), e quando nos tornamos bem íntimos, ele me revelou dos problemas com a mãe, do quanto ela foi/ainda é manipuladora, estúpida e insensível. Nada falei, só fui boa ouvinte, mas no meu íntimo eu descobri porque ele fugia tanto de compromissos, afinal, se ele não pôde ser cuidado pela primeira e mais importante mulher da sua vida, como confiar nas demais? Não pude criticá-lo ou corrigí-lo porque da mesma forma que ele não confia nas mulheres, eu não confio nos homens, o único problema é que, quando nos protegermos, por ânsia ou medo de nos decepcionarmos ou sermos dispensados, nos antecipamos e dispensamos as oportunidades que a vida nos traz... isto se torna um hábito, e acabamos não nos damos conta que nos tornamos nossos maiores inimigos, adiando cada vez mais a oportunidade de sermos felizes!

Por isso, quando é para dar certo, vai dar… independente onde e como se conheceram... e se dane o resto ou o que as pessoas pensam! Concordo que é muito melhor o 'olho-no-olho', mas reconheço que a internet facilita, estreita laços, e também proporciona química e tesão mesmo sem se tocar. Por outro lado ela também nos deixa acomodados, trocamos muitas vezes a companhia dos amigos para ficar em casa na frente de uma tela, comendo, vendo filme, e conversando virtualmente com um suposto homem interessante, e deixamos de viver coisas reais e legais!

Ops, eu disse homem interessante? Este vem sendo um grande problema, porque eles estão em extinção! Eu, no mundo virtual, sou simplesmente a mesma Tati, mas infelizmente não acontece o mesmo do lado oposto: eles se apresentam lindos e perfeitos, quando não, criam perfis fakes. Quando isso me aconteceu morri de ódio por ter caído no conto do vigário, depois de tanto anos... Agora eu conto rindo, me sentindo uma burra e idiota, mas que culpa tenho se eu não tenho tempo nem saco para usar o Skype para confirmar? Simplesmente ainda acredito no ser humano e em nenhum momento achei que pudesse ser enganada! Nesta feita, quando cheguei no posto de gasolina, ele usava a mesma camisa polo verde piscina, e quando me aproximei, levei alguns minutos para reconhecer que ele só era um tanto mais baixo e mirradinho que na foto, também espinhudo, amarrotado, e falava um português  péssimo para um estudante de Direito. Claro que pus ele no devido lugar, para honrar o apelido que me faz jus (Tati Quebra-Barraco!), mas depois disso nunca mais me atrevi a conhecer ninguém, e olha que isso tem uns tantos anos...hehe.

Refletindo enquanto escrevo, de uma forma muito parecida isso também acontece na vida real: quantos príncipes e princesas vocês conhecem, se apaixonaram, e com o tempo se decepcionam porque viraram sapos e rãs? Este é o problema quando despojamos nossas projeções no outro: no desespero por ter alguém, fingimos ou não queremos ver as coisas como elas definitivamente são, mas com o tempo essas coisas vem à tona... e ainda culpamos o coitado por sermos enganadas. Infantilidade! Todos nós estamos sujeitos a sermos enganados, e não devemos culpar o outro por não termos enxergado as provas antes! Veja o lado bom: ao menos entramos na próxima relação já sabendo o que não queremos para nossas vidas. Seja ou não a partir do virtual, sempre será legal o encontro, o olho-no-olho, a descoberta, o envolvimento... mas sem pensar o que o futuro está nos reservando. Tem que deixar acontecer, sentir, viver... e se não der certo dessa vez, tentar novamente... e mais uma vez, e outra... quantas vezes forem preciso para ser feliz.

Como meu momento é outro, sou suspeita ao afirmar que jamais vocês devem entregar numa bandeja a felicidade nas mãos de alguém (depois não dá certo e vocês culpam o outro!). Aliás, jamais deveriam procurar desesperadamente por esse alguém. Primeiro precisam aprender a se amar, curtir fazer coisas por você, para você e só com você! Sim, admito que sinto saudades de quando era fácil me apaixonar, mas os anos passam, a gente amadure, e não nos iludimos com qualquer coisa que nos aparece. Sim, é isto: para eu me apaixonar novamente terá que aparecer alguém simples, que definitivamente me surpreenda, me faça rir, e me complete; mas enquanto isso não acontece vou/já estou, cuidando muito bem de mim. Talvez você devesse fazer o mesmo, e se surpreender ao reconhecer o quanto é capaz de ficar bem sem alguém.

Como dizia minha psicoterapeuta: ‘quando a gente deseja muito algo, o Universo todo conspira a nosso favor’. Então quando você estiver emocionalmente bem, as coisas acontecerão, inclusive o amor.

Mas enquanto ele não chega, claro que pode se divertir, se assim desejar. O mais importante é ser sincera com você, e aproveitar tudo que a vida lhe traz, sem julgar se é bom ou ruim É somente experiência e ponto!












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